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O “novo normal” das funções de finanças no pós-pandemia

A pandemia da COVID-19 impactou as nossas vidas de uma maneira avassaladora.

 

Milhões de pessoas já perderam o emprego, os consumidores tiveram o poder de compra reduzido, centenas de milhares de empresas estão fechando as suas portas e as corporações que sobreviveram buscam se reinventar em uma nova realidade de negócio.

 

Muitos especialistas preveem uma alteração radical do comportamento do consumidor, acelerando as mudanças que já ocorriam em virtude da revolução digital.

 

Um artigo publicado pela consultoria McKinsey prevê algumas tendências no mercado: o fim da lealdade à marca, maior sensibilidade aos preços, preocupação com a saúde e limpeza, consumo de produtos, dentre outras.

 

Já um estudo da Universidade de Oxford antes da pandemia prevê que 35% dos empregos, de funcionários de escritório, estão em risco de automação nos próximos 20 anos. E no Pós-COVID, a tendência é que estes números aumentem exponencialmente.

 

Recentemente uma pesquisa realizada pela E&Y descobriu que 36% das empresas já estavam acelerando para mudança para robôs em reação à crise e 41% estavam avaliando a possibilidade.

 

E nas funções de finanças das empresas? Podemos prever qual seria o “novo normal”?

 

Fizemos um exercício de projeção e listamos abaixo 4 tendências das áreas de finanças em um futuro próximo:

 

1.Trabalho Remoto

 

Uma mudança trazida pela COVID-19 foi a adoção do trabalho remoto.

 

O “Home office”, que já vinha sendo utilizado por algumas empresas antes da pandemia, se popularizou para permitir a continuidade das atividades, sem expor as equipes a riscos de contágio da doença.

 

E a tendência é que esta forma de trabalhar seja adotada como um “novo normal”, com o propósito de reduzir custos para as empresas e melhorar o equilíbrio da vida pessoal X trabalho dos funcionários.

 

Durante a pandemia cerca de 230 mil funcionários de instituições financeiras no Brasil trabalharam de casa, e os grandes bancos já anunciaram que o plano é manter de 20% a 30% do pessoal das áreas administrativas trabalhando remotamente, reduzindo custos de escritórios e aumentando a produtividade.

 

Um dos grandes desafios para as funções de finanças nesta pandemia foram os processos de fechamentos contábeis, tendo em vista a necessidade de acesso remoto às informações, garantindo o cumprimento dos prazos das obrigações principais e acessórias das empresas. Além disso, as equipes tiveram que se adaptar a maneira de trabalhar para evitar falhas de comunicação que pudessem comprometer a integridade das informações financeiras.

 

E quais são as condições necessárias para o trabalho remoto?

 

Auto-organização – um dos desafios de se trabalhar de casa são as distrações que interferem na nossa capacidade de entrega: Afazeres domésticos, compromissos com a família, etc. Com isso, é fundamental a sistematização das atividades do trabalho para garantir a produtividade;

 

Disciplina – da mesma forma que a auto-organização, a disciplina é muito importante para um trabalho remoto eficaz. As boas práticas recomendam que a pessoa siga uma rotina através de um calendário de atividades diárias com hora de início e término, além de pausas para alimentação e para descanso;

 

Uso da tecnologia – As tecnologias são fatores críticos de sucesso para o trabalho remoto. Listamos abaixo duas que são imprescindíveis:

  • Computação na Nuvem: a utilização de sistemas ERP’s com banco de dados configurados na nuvem é um dos facilitadores para o trabalho remoto, tendo em vista que garante acesso de dados em tempo real a toda a equipe. Além disso, a computação na nuvem tem uma funcionalidade importante que é garantir a integridade dos dados através de backups automáticos, sem a necessidade de intervenção da equipe de TI.

 

  • Tecnologia de comunicação: uma das dificuldades causadas pelo trabalho remoto é a falha de comunicação entre os funcionários da mesma equipe, ou entre equipes que interagem com outros departamentos. Algumas ferramentas de trabalho virtual se popularizaram, oferecendo funcionalidades de colaboração de equipes, além de serviço de vídeo conferências. Os mais populares são: Microsoft Teams, Cisco Webex Teams, Zoom, Google Meet, além do Skype que foi um dos pioneiros deste serviço.

 

2. Digitalização de meios de pagamentos

 

A digitalização de serviços prestados ao consumidor, que já era uma tendência antes da crise da COVID, foi acelerada após a pandemia. A compra pela internet via aplicativos cresceu mais de 30% durante os primeiros meses de isolamento social, e houve um grande aumento da digitalização da população de baixa renda, em virtude da necessidade de acessarem os programas de assistência social oferecidos pelo governo através de aplicativos.

 

Este é um movimento irreversível que terá um impacto importante nas áreas de finanças, principalmente na digitalização dos meios de pagamentos.

 

O Banco Central do Brasil já anunciou o lançamento de um sistema de pagamentos instantâneos no qual é possível pagar usando celular e QR code: É o chamado sistema PIX, que irá permitir que o usuário faça uma transferência monetária em tempo real, e será uma alternativa para os métodos atuais (cheques, TED e DOC). As vantagens deste sistema são: a rapidez, o baixo custo, a segurança e a transparência. A expectativa é que o PIX comece a funcionar em novembro de 2020. Além deste sistema, o WhatsApp também anunciou o lançamento do serviço de pagamento instantâneo no país. Após uma reação contrária do Banco Central, que suspendeu o seu funcionamento, aparentemente o serviço será disponibilizado em poucos meses, após a regulamentação deste modelo de negócio.

 

No longo prazo, existe a possibilidade de utilização da tecnologia Blockchain como meio de pagamentos. Esta é a tecnologia que está por trás das criptomoedas, como o Bitcoin, e permite a transferência de ativos digitais entre as pessoas. Blockchain já é utilizada para transferências de ativos não-monetários, mas ainda não é utilizada para pagamentos em moeda no Brasil. Possui os mesmos benefícios do PIX (rapidez, baixo custo, segurança e transparência) e tem um diferencial: não necessita que a transação seja intermediada através de uma instituição financeira, i.e., a transferência é feita diretamente entre os usuários. Além disso, esta solução tem a funcionalidade chamada “contratos inteligentes”, que permite a execução de cláusulas contratuais de maneira automática sem a necessidade de intervenção humana. Isto permitiria automatizar o pagamento a partir do cumprimento de uma condição comercial acordada entre pagador e recebedor (exemplo: o pagamento poderia ser realizado automaticamente após o recebimento da mercadoria). O Banco Central da China já adotou esta tecnologia em um sistema de pagamento instantâneos local.

 

3. Automação de processos financeiros

 

Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) o PIB mundial deverá cair 6% em 2020, enquanto que a previsão para a economia brasileira é uma queda de 7,4%.

 

Diante deste cenário, as corporações podem ver o surto da COVID como uma oportunidade de mudar a forma de trabalhar, e melhorar a sua eficiência operacional. A automação de processos, que já fazia parte da agenda de muitas empresas antes da pandemia, agora se tornou uma questão de sobrevivência.

 

A automação de processos robóticos (RPA – Robotic Process Automation), é uma tecnologia que automatiza tarefas manuais baseadas em regras executadas por humanos, e pode desempenhar um papel fundamental em indústrias e empresas de diversos segmentos. São basicamente algoritmos que automatizam atividades repetitivas (e sujeitas a erros) para melhorar a eficiência e a qualidade no processo.

 

Os principais benefícios desta tecnologia são: Redução do índice de erros, melhoria da eficiência, redução de custos e rapidez. Além disso, o RPA facilita o trabalho remoto, permitindo que as equipes desempenhem atividades que demandam o uso de um grande volume de dados obtidas de múltiplos sistemas.

 

As funções de finanças que mais podem se beneficiar do RPA são Contas a Pagar, Contas a Receber e Contabilidade em virtude da natureza repetitiva das suas atividades.

 

4. Robotização

 

A crise causada pela COVID criou um fenômeno mundial nas comunidades de tecnologia: a maioria dos projetos relacionados à Inteligência Artificial que estavam em desenvolvimento foram deixados de lado para que as equipes juntassem esforços no desenvolvimento de soluções para combater a pandemia.

 

E os resultados práticos já começam a aparecer: a Inteligência Artificial tem desempenhado funções importantes no combate a COVID: busca de uma combinação de medicamentos para tratamento da doença, melhoria do diagnóstico da doença, mapeamento de epicentros da doença, identificação de infectados na população, utilização de enfermeiros-robôs em hospitais, dentre outras.

 

Segundo a PwC, na era pós-COVID é esperada que a natureza dos empregos mude significativamente, e que alguns sejam suscetíveis à automação. Mas também irá gerar ganhos para o emprego, tendo em vista que haverá oportunidades para programadores, analistas de dados, entre outros.

 

Uma das áreas de finanças que podem se beneficiar da Inteligência artificial é a de Detecção de Fraudes.

 

A fraude com cartão de crédito é uma das formas mais comuns de crimes cibernéticos e se tornou mais frequentes pelo crescimento das transações on-line. A Inteligência Artificial pode ser usada para identificar com eficiência padrões de comportamento de cartões de crédito irregulares devido à capacidade de gerenciar grandes volumes de dados juntamente com dados transacionais atualizados à medida que as transações ocorrem. As grandes empresas de cartões de crédito já utilizam estes algoritmos e a tendência é que esta tecnologia seja amplamente utilizada por empresas de outros segmentos de negócio.

 

Outra função de finanças que pode se beneficiar da Inteligência Artificial é a de Planejamento Financeiro.

 

Um dos grandes desafios dos planners é o “timing” da análise dos resultados financeiros em virtude de possíveis atrasos da informação causados pela fragmentação e imprecisão de dados. A Inteligência Artificial oferece ferramentas que aceleram a análise, automatizam a coleta e a validação de dados financeiros. Desta forma, as equipes de planejamento financeiro poderão disponibilizar relatórios gerenciais em tempo real para tomada de decisão pelos gestores da empresa.

 

Além disso, a Inteligência Artificial possui ferramentas como o “Machine Learning” (aprendizado por máquina) que fazem com que as máquinas consigam “aprender” através da interação com o usuário, e permitem fazer estimativas mais precisas de resultados financeiros com base em dados estatísticos.

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